BELÉM – O governo brasileiro anunciou a criação de um fundo destinado a financiar a adaptação às mudanças climáticas, utilizando recursos provenientes da exploração de petróleo. A iniciativa foi revelada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante uma sessão especial sobre transição energética na cúpula COP30.
Lula destacou que “direcionar parte dos lucros com a exploração de petróleo para transição energética é uma estratégia válida para países em desenvolvimento”. Ele enfatizou que o Brasil liderará pelo exemplo na criação desse fundo, que busca promover a justiça climática e enfrentar as mudanças climáticas.
No entanto, ainda não foram divulgados detalhes sobre o funcionamento do fundo ou o mecanismo de captação de recursos, conforme informou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco. “O presidente nos deu um mandato e agora vamos trabalhar em cima disso”, afirmou.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, complementou que é necessário recursos para viabilizar a transição energética e a adaptação climática. Segundo ela, a avaliação do governo é que a exploração de combustíveis fósseis pode contribuir financeiramente para essa transição.
Marina destacou a importância do anúncio e a necessidade de o governo mobilizar esforços para cumprir o que foi acordado pelo presidente. Ela acrescentou que o Brasil não apenas propõe essa conversa global, mas deseja que, uma vez criado, o fundo seja um exemplo a ser seguido.
NDCs e Redução de Emissões
Durante outro discurso no mesmo evento, Lula reforçou a necessidade de os países adotarem medidas mais efetivas na redução de emissões. Ele reafirmou a perspectiva brasileira de que os países ricos devem arcar com a responsabilidade de financiar a adaptação nos países em desenvolvimento.
“É viável trabalhar por uma transição justa, em que o Sul Global tenha as oportunidades que lhe foram negadas no passado. Podemos avançar rumo ao futuro sem abrir mão de reivindicar daqueles que mais se beneficiaram historicamente das emissões que façam jus a suas responsabilidades,” afirmou o presidente.
A segunda sessão plenária do dia abordou as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — que representam as metas que os países devem estabelecer para colaborar na redução das emissões de gases do efeito estufa. O evento também marcou os 10 anos do Acordo de Paris, que prevê a responsabilidade dos países desenvolvidos em apoiar os demais.
Apesar de um prazo que foi adiado duas vezes, apenas um pouco mais de 100 países apresentaram suas metas, que estão aquém do esperado para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 grau Celsius. Essa realidade revela que o mundo ainda está distante de alcançar os objetivos estipulados no Acordo de Paris.
Lula observou: “O acordo se baseia no entendimento de que cada país fará o melhor que estiver ao seu alcance para evitar um aquecimento de mais de um grau e meio. O que nos cabe perguntar hoje é: estamos realmente fazendo o melhor possível? A resposta é: ainda não.”
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, Edição de Pedro Fonseca)


