A trégua financeira observada na quinta-feira, 9 de novembro, com a divulgação do IPCA de setembro abaixo do esperado, foi breve. Nesta sexta-feira, 10 de novembro, os juros dos títulos públicos voltaram a registrar um aumento significativo, impulsionados pela crescente aversão ao risco tanto no Brasil quanto no exterior. A curva de juros de longo prazo foi a mais impactada, à medida que investidores exigem prêmios elevados para manter investimentos em títulos do Tesouro Direto, diante de um cenário fiscal incerto e de tensões geopolíticas emergentes.
Os fatores que contribuem para essa situação são duplos. No cenário local, o mercado reage à derrota do governo Lula em relação à Medida Provisória 1303 e à incerteza sobre como o Ministério da Fazenda irá recompor os R$ 46 bilhões necessários até 2026. Em nível internacional, novas ameaças do ex-presidente Donald Trump à China reacenderam preocupações sobre uma possível guerra comercial, afetando negativamente os ativos de risco em todo o mundo.
Esse cenário resultou em uma queda das ações, valorização do dólar e aumento das taxas de juros. Os investidores brasileiros, que se mostravam otimistas quanto à redução das taxas com a inflação controlada, agora estão mais atentos às questões fiscais e ao clima econômico internacional desfavorável.
O aumento das taxas reflete um reposicionamento defensivo dos investidores, que começavam a exigir prêmios mais altos para lidar com o risco fiscal em um ambiente externo hostil. A curva de juros em alta e a valorização do dólar resultaram em ofertas para rendimento de até 14% ao ano em títulos prefixados de longo prazo.
Os títulos mais longos e sensíveis a riscos, como os prefixados com vencimento em 2032 e os IPCA+ com vencimento a partir de 2035, foram os mais afetados. O Tesouro Prefixado 2032 viu seu rendimento saltar de 13,79% para 13,93%, enquanto o IPCA+ 2050 registrou uma alta de 7,02% para 7,09%. Em contrapartida, os títulos de inflação mais curtos não apresentaram uma alta tão acentuada, mas estão próximos do patamar psicológico de 8% ao ano em juro real.
Nesta sexta-feira, 10 de novembro, as taxas do Tesouro Direto foram atualizadas às 13h02.