O governo do Brasil, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acredita que o recente aumento de tarifas aprovado pelo Congresso mexicano não deve prejudicar as exportações de automóveis brasileiros. Isso se deve ao fato de que existe um acordo de livre comércio entre Brasil e México para o setor automotivo, que oferece isenções e condições favoráveis.
Em uma declaração conjunta, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, junto com o Ministério das Relações Exteriores, alertou que, embora o aumento das tarifas de importação para automóveis e peças possa trazer alívio, a elevação das tarifas pode afetar negativamente outros setores e desequilibrar o comércio entre os dois países, dependendo das listas finais das tarifas que ainda estão por vir.
Atualmente, o governo brasileiro ainda não conseguiu calcular o impacto exato que essa mudança nas tarifas pode causar. A justificativa para essa hesitação é que as listas com as novas alíquotas ainda não foram divulgadas em detalhes.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estimou que o custo dessa medida para o Brasil pode chegar a US$ 1,7 bilhão. É importante ressaltar que o Brasil mantém outro acordo comercial com o México, mas este possui um alcance limitado, abrangendo apenas cerca de 12% do total de tarifas no comércio bilateral. Devido a essa restrição, os produtos cobertos por esse segundo acordo devem sofrer impactos negativos com o aumento das tarifas.
A decisão do governo mexicano liderado por Claudia Sheinbaum foi mal recebida pelas autoridades brasileiras, que expressaram descontentamento não apenas pelos efeitos adversos sobre o Brasil, mas também porque ocorreu pouco tempo após a visita do vice-presidente Geraldo Alckmin ao México. Durante essa visita, os dois países se comprometeram a revisar e atualizar seus acordos comerciais.
Em uma carta ao presidente da CNI, Ricardo Alban, Alckmin mencionou que levantou as preocupações do Brasil com as autoridades mexicanas, ressaltando a importância de evitar medidas que possam prejudicar o comércio entre as nações. Além disso, ele disse que manteve comunicação direta com o secretário de Economia do México para formalizar os pontos que considera relevantes.
No último dia 10, o Senado mexicano aprovou um aumento nas tarifas de importação que atinge não apenas o Brasil, mas também a China e outros nove países com os quais o México não possui acordos comerciais. A proposta, que foi votada sob intensa pressão comercial dos Estados Unidos, teve 76 votos a favor, 5 contra e 35 abstenções.
Com essa mudança, várias indústrias brasileiras estão buscando mais informações sobre as possíveis consequências para seus negócios, uma vez que as tarifas afetam 1.463 categorias tarifárias em 17 setores, incluindo o automotivo, têxtil, vestuário, siderúrgico, plásticos, eletrodomésticos, móveis e calçados, com uma incidência maior nos produtos oriundos da China.
Das categorias afetadas, 316 não têm atualmente a cobrança de impostos. A proposta de aumento de tarifas foi apresentada por Sheinbaum em setembro, em resposta à crescente pressão comercial dos Estados Unidos e acusações de que o México facilitaria a entrada de produtos chineses no mercado americano. O México, junto ao Canadá, está se preparando para renegociar o Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC) com os Estados Unidos, enfrentando novos desafios impostos pela administração da Casa Branca.



