Formado em psicologia, professor foi pioneiro em estudos sobre economia comportamental. Ex-presidente dos EUA, Barack Obama, entrega a Medalha Presidencial da Liberdade a Daniel Kahneman durante uma cerimônia na Casa Branca em novembro de 2013.
Mandel NGAN/AFP
Daniel Kahneman, vencedor do Prêmio Nobel em Ciências Econômicas, morreu nesta quarta-feira (27), aos 90 anos. A morte do professor foi confirmada por sua parceira, Barbara Tversky, ao jornal norte-americano The New York Times. Ela não informou a causa nem o local.
Formado em psicologia, Kahneman foi por muito tempo associado à Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Ele é considerado “pai” da economia comportamental por seus trabalhos no ramo — que lhe garantiram, inclusive, o Nobel em 2002, mesmo sem nunca ter cursado economia.
Kahneman, que é nascido em Tel Aviv, em Israel, foi premiado por ter integrado fatores da pesquisa psicológica à ciência econômica, especialmente em relação à tomada de decisões em cenários de incerteza.
Em síntese, o trabalho de Kahneman questionou o fato de a racionalidade ser condutora das tomadas de decisões. Ele tratou, entre outros pontos, da lógica por trás de comportamentos: seja nas decisões para economizar dinheiro ou até nas escolhas sobre vender ou não ações no mercado financeiro.
A escola comportamental — base do trabalho de Kahneman — se sustenta, principalmente, em expor vieses mentais inatos que podem distorcer o julgamento, muitas vezes com resultados contraintuitivos, conforme destacou o jornal The New York Times.
Trata-se de uma abordagem diferente da economia tradicional, que assume que os seres humanos geralmente agem de maneira totalmente racional.
Kahneman, que também é autor do livro “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, popularizou, portanto, um modelo de tomada de decisões em que situações de escassez levam a julgamentos apressados — e eventualmente a más decisões.
O psicólogo Steven Pinker, professor da Universidade de Harvard, disse em 2014 ao jornal britânico The Guardian que a mensagem central de Kahneman “não poderia ser mais importante”.
“Ou seja, que a razão humana, deixada à sua própria sorte, está sujeita a se envolver em uma série de falácias e erros sistemáticos. Por isso, se queremos tomar melhores decisões nas nossas vidas pessoais e como sociedade, devemos estar conscientes destes preconceitos e procurar soluções alternativas. Essa é uma descoberta poderosa e importante.”
Os trabalhos de Kahneman, feitos em grande parte na década de 1970, levaram a uma reavaliação de questões diversas como negligência médica e negociações políticas internacionais.
As análises do Nobel de Economia foram feitas principalmente em colaboração com Amos Tversky, um psicólogo cognitivo da Universidade de Stanford que fez um trabalho inovador sobre julgamento humano e tomada de decisões.
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