Os FIC FIDCs, ou fundos de investimento em cotas de Fundos de Direitos Creditórios, emergem como uma alternativa viável para diversificação em carteiras de renda fixa. Esses fundos investem em contas a receber de empresas, adquirindo ativos como duplicatas e cheques. De janeiro a setembro de 2023, a captação líquida dos FIDCs alcançou R$ 63 milhões, conforme dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
Para as empresas, esse mecanismo oferece uma oportunidade de captação de recursos em um cenário de juros altos, com a Selic em 15%. Para os investidores, o FIC FIDC representa um maior potencial de retorno dentro da renda fixa.
Os dados da Anbima mostram a captação líquida em R$ milhões dos FIDCs:
| FIDC | Janeiro a setembro 2023 | Em 12 meses |
|---|---|---|
| FIDC Fomento Mercantil | 3.667,10 | 7.252,90 |
| FIDC Financeiro | 15.730,60 | 26.694,40 |
| FIDC Agro, Indústria e Comércio | -20.516,60 | -3.434,50 |
| FIDC Outros | 64.128,60 | 85.354,50 |
| Total FIDC | 63.009,70 | 115.867,30 |
Conforme Angelo Belitardo, diretor de gestão da Hike Capital, os FIC FIDCs oferecem rendimentos superiores à média de outras opções de renda fixa, atingindo patamares de CDI + 2% ou até CDI + 3%. Ele ressalta que o modelo promove o efeito dos juros sobre juros a longo prazo, permitindo um acúmulo expressivo de retorno no futuro.
Os FIC FIDCs se destacam, segundo Paulo Morais, diretor de DCM da GCB Investimentos, como uma alternativa que equilibra risco e retorno, especialmente em comparação a produtos tradicionais como CDBs e títulos do Tesouro. Este tipo de fundo investe essencialmente em operações de crédito na economia real, como recebíveis comerciais e financeiros.
Tradicionalmente, os FIDCs eram acessíveis apenas a investidores institucionais. A novidade dos FIC FIDCs permite que investidores de varejo participem desse mercado, conforme explica Belitardo. Para perfis conservadores, ele sugere uma alocação de 10% a 20% da carteira em FIC FIDCs.
Os investimentos são realizados por meio de gestoras ou distribuidoras devidamente registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que realizam análises detalhadas para estruturar os fundos.
Motivos para Investir em FIC FIDCs
A liquidez dos FIC FIDCs é um atrativo, com prazos de resgate que podem variar de 30 a 180 dias, além da ausência da cobrança de come-cotas. Abaixo, listamos algumas vantagens deste investimento, compiladas pela Hike Capital:
- Isenção de come-cotas: O investidor paga tributos apenas no resgate, caso o fundo tenha mais de 67% do patrimônio em direitos creditórios.
- Atuação de investidores institucionais: A classe já acumula mais de R$ 700 bilhões investidos, evidenciando a confiança na sua solidez.
- Prazos de resgate curtos: Liquidez comum entre 30 e 90 dias, sem taxas ocultas.
- Aumento do spread de retorno: Os FIC FIDCs apresentam um histórico de retorno superior ao CDI ao longo do tempo.
- Retorno competitivo: FIC FIDCs conservadores têm superado benchmarks de maior performance, com menor volatilidade.
- Pulverização de recebíveis: Minimiza o impacto da inadimplência no fundo.
- Mecanismos de controle da inadimplência: FIDCs utilizam ferramentas como subordinação e garantias.
- Taxas administrativas: São arcadas pelos executivos responsáveis pela subordinação, não impactando a rentabilidade dos investidores.
Risco de Fraude e Vigilância Necessária
É essencial que o investidor fique atento ao risco de fraudes, pois não possui visibilidade completa das carteiras de todos os FIDCs. É recomendado que busquem informações como lâminas, regulamentos e relatórios periódicos das gestoras, além de verificar registros na CVM e a reputação das gestoras.
Segundo Belitardo, o índice de subordinação é um aspecto crítico, pois indica a capacidade do fundo de absorver perdas sem impactar os investidores. Um nível ideal de subordinação é de 30%, com inadimplência máxima de 6%. Gestoras frequentemente implementam mecanismos de proteção, como seguros de crédito ou participação societária nas empresas, a fim de prevenir fraudes.
