A inflação no Brasil apresenta um quadro de declínio, no entanto, o Comitê de Política Monetária (Copom) permanece em alerta. A decisão sobre a taxa de juros será divulgada nesta quarta-feira, 10 de outubro. Analistas da XP apontam que, apesar da queda da inflação, os riscos ainda persistem, sugerindo que o Copom deverá manter a Selic em **15% ao ano** e iniciar o ciclo de cortes apenas em março de 2024, prevendo que a taxa chegue a **12%** até o final de 2026.
Em seu relatório, os economistas Caio Megale, Rodolfo Margato e Alexandre Maluf destacam que, embora houvesse uma melhora no cenário inflacionário, essa evolução se deu de forma “mais gradual e menos intensa do que o esperado”.
Inflação em Declínio, mas Riscos Permanecem
Segundo a XP, os dados econômicos divulgados desde a última reunião do Copom foram levemente favoráveis. A inflação, que atualmente está em trajetória de queda, apresenta núcleos — que excluem itens voláteis — próximos à meta pela primeira vez em meses. A inflação ao produtor, medida pelo IPA-FGV, também voltou a ser negativa, impulsionada pela redução nos preços dos alimentos.
Além disso, a cotação média do dólar caiu de **R$ 5,40** para **R$ 5,35** nos últimos dez dias. Os indicadores de atividade, como produção industrial, vendas no varejo e receitas de serviços, mostram uma desaceleração gradual, especialmente em setores mais sensíveis ao crédito. O Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre manteve-se praticamente estável em relação ao trimestre anterior, após ajuste sazonal.
Além disso, os preços das commodities, especialmente alimentos e petróleo, diminuíram desde a última reunião do Copom, o que deve beneficiar o IPCA, desde que a taxa de câmbio se mantenha estável. Apesar desse cenário otimista, os economistas da XP alertam para riscos que podem adiar cortes imediatos na taxa de juros, sendo a política fiscal expansionista dos governos federal e estaduais um fator de preocupação.
Política Fiscal e suas Implicações
Os analistas da XP enfatizam a importância de observar a política fiscal expansiva em um ano eleitoral. Essa abordagem pode pressionar a inflação e limitar a possibilidade de cortes na taxa de juros, uma vez que um eventual reaquecimento da economia pode dificultar o ajuste esperado para 2026.
A expectativa da XP é que o Copom mantenha a taxa atual por um período, rejeitando a ideia de mantê-la elevada por tempo excessivo. A comunicação oficial do Comitê indicará que o momento ainda não é propício para flexibilizar as taxas.
Perspectivas Futuras
Os economistas preveem que na reunião do Copom de amanhã será enfatizada a necessidade de cautela. Segundo eles, embora a situação inflacionária tenha melhorado, isso ocorreu de maneira gradual. Assim, o Copom deve monitorar os dados econômicos de perto, evitando uma postura excessivamente flexível que permita cortes na taxa já em janeiro.
A XP projeta que o ciclo de cortes na Selic comece em março de 2024, embora alguns riscos possam levar a uma antecipação para janeiro. No cenário base, os cortes iniciais seriam de **0,50 ponto percentual**, resultando em uma série de seis cortes até a redução da taxa para **12% ao final do ciclo.
| Reuniões do Copom e previsão da Selic, segundo XP | ||
| Datas das reuniões | Decisão | Projeção da Selic |
| 27 e 28 de janeiro | Manutenção | 15% |
| 17 e 18 de março | Corte de 0,50 p.p. | 14,50% |
| 28 e 29 de abril | Corte de 0,50 p.p. | 14% |
| 16 e 17 de junho | Corte de 0,50 p.p. | 13,50% |
| 4 e 5 de agosto | Corte de 0,50 p.p. | 13% |
| 15 e 16 de setembro | Corte de 0,50 p.p. | 12,50% |
| 3 e 4 de novembro | Corte de 0,50 p.p. | 12% |
| 8 e 9 de dezembro | Manutenção | 12% |
Ainda que a Selic inicie um ciclo de cortes, manter uma taxa de **12%** é considerado restritivo, dificultando o acesso ao crédito e investimentos. Para que os juros básicos se aproximem do nível neutro, estimado em **5,5%** em termos reais, reformas que reduzam o crescimento das despesas públicas serão essenciais, conforme os economistas da XP.



